Economista influente do regime militar e da redemocratização, Delfim Netto deixou um legado controverso e duradouro na economia brasileira.
Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e uma das figuras mais proeminentes da economia brasileira, faleceu aos 96 anos nesta segunda-feira (12), em São Paulo. Delfim, que se destacou como um dos principais responsáveis pelo “Milagre Econômico” durante o regime militar, deixou um legado complexo e significativo no cenário econômico e político do Brasil.
Nascido em 1928, Delfim formou-se em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e tornou-se um influente professor e pesquisador. Em 1967, foi nomeado ministro da Fazenda pelo presidente Costa e Silva, posição que ocupou até 1974. Durante seu mandato, Delfim implementou políticas que resultaram em um crescimento econômico robusto, com uma média anual de 10% no PIB, modernização da infraestrutura e aumento das exportações. No entanto, suas políticas também contribuíram para o endividamento externo e a crise de hiperinflação que se seguiria.
Delfim também foi um dos signatários do Ato Institucional Número 5 (AI-5), que marcou o início do período mais repressivo da ditadura militar. Após deixar o Ministério da Fazenda, Delfim continuou a ter um papel relevante, atuando como embaixador em Paris e, mais tarde, como ministro do Planejamento e da Agricultura.
Após a redemocratização, Delfim foi eleito deputado federal por São Paulo, cargo que ocupou por cinco mandatos consecutivos. Além disso, manteve-se como conselheiro informal de presidentes, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva, com quem colaborou durante o segundo mandato do petista.
Reconhecido por sua sagacidade e habilidade em transitar entre diferentes contextos políticos, Delfim Netto também deixou um importante legado acadêmico. Professor emérito da USP, sua vasta produção intelectual inclui dezenas de livros e artigos sobre economia. Sua biblioteca, doada para a USP, é considerada o mais completo acervo de economia do Brasil.
Imagem: Reprodução/Folhapress