Estudo com 2.500 pacientes que tiveram infarto mostra que aqueles que receberam a vacina contra influenza apresentaram 41% menos mortes por causas cardiovasculares no período de um ano
Vacinar-se contra gripe, Covid-19 e outros vírus respiratórios pode reduzir significativamente o risco de ter um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC), e de vir a sofrer de insuficiência cardíaca. Essa proteção é ainda mais importante para as pessoas que já convivem com doenças cardiovasculares ou têm risco de desenvolvê-las.
Evidências de estudos europeus, norte-americanos e multicêntricos (feitos em vários países para alcançar distintas populações) mostram que a imunização diminui eventos cardíacos fatais e hospitalizações, com reduções que chegam a 41% na mortalidade cardiovascular em um ano.
O efeito protetor se explica pela prevenção de processos inflamatórios no organismo. Estes podem desestabilizar placas de aterosclerose (depósitos de gordura, colesterol, cálcio e células inflamatórias que se acumulam na parede interna das artérias) e favorecer a formação de coágulos.
O mecanismo começa com a resposta inflamatória do corpo a uma infecção respiratória. Durante episódios de gripe, COVID-19 ou outras viroses, como o vírus sincicial respiratório e herpes zoster, há aumento da produção de citocinas e mediadores inflamatórios, maior agregação plaquetária e um estado pró-trombótico. Esses fatores elevam a chance de ruptura de placas ateroscleróticas, obstrução de artérias coronárias e cerebrais e consequente ocorrência de infarto ou AVC. Pesquisas apontam que o risco de infarto é até seis vezes maior nos sete dias seguintes ao início de uma gripe confirmada por exame laboratorial, retornando aos níveis basais após esse período.
Redução de internações e risco de morte
Outra pesquisa prospectiva, envolvendo 5.000 indivíduos com insuficiência cardíaca mostrou reduções de 23% na mortalidade cardiovascular, 21% na mortalidade por todas as causas e 24% nas hospitalizações por agravamento ou complicações da insuficiência cardíaca em pacientes vacinados contra gripe.
Mais casos na temporada de gripe
Estudos observacionais e populacionais também associam picos de hospitalização e mortalidade cardiovascular às temporadas de gripe. Um levantamento russo, com 35 mil mortes por doença coronária ao longo de sete anos, mostrou que o risco de infarto era 30% maior durante os meses de maior circulação do vírus da influenza. Pesquisa europeia chegou a conclusões semelhantes, reproduzindo o aumento de risco nos primeiros sete dias após a infecção e a queda abrupta depois desse período.
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