Investigação detalha sete etapas do esquema bilionário de combustíveis
Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que integrantes de uma quadrilha ligada ao PCC sabiam, com antecedência, quando haveria operações de fiscalização contra o grupo. Os investigadores afirmam que os criminosos conseguiam se preparar e até suspender atividades para evitar flagrantes.
O esquema bilionário funcionava em sete etapas
Primeira etapa – Porto de Paranaguá: a quadrilha utilizava o Porto de Paranaguá (PR) para importar clandestinamente produtos químicos, como metanol e nafta. Essas substâncias, que deveriam abastecer indústrias químicas, eram desviadas para adulterar gasolina e etanol vendidos em postos do país.
Segunda etapa – usinas de etanol: o grupo é suspeito de ter comprado pelo menos cinco usinas de etanol no interior de São Paulo. Algumas estavam endividadas e foram recuperadas com altos investimentos. Além de produzir combustível para a rede criminosa, as usinas também serviam para lavar dinheiro, pagando até 43% acima da média pela cana-de-açúcar.
Terceira etapa – distribuidoras: o terceiro passo foi estruturar distribuidoras próprias, como a Duvale, em Jardinópolis (SP). Sem faturamento até 2019, a empresa saltou para quase R$ 2,8 bilhões em 2021, tornando-se a maior destinatária do etanol das usinas controladas pela quadrilha. Parte desse dinheiro foi repassada diretamente a Rafael Gineste.
Quarta etapa – transportadoras: a empresa G8Log, ligada a Mohamad Hussein Mourad, conhecido como Primo, utilizava caminhões para levar combustível adulterado até os postos.
Quinta etapa – postos de combustíveis: a rede criminosa expandiu-se para cerca de 1,2 mil postos de combustíveis em várias cidades brasileiras. Neles, fiscais da ANP identificaram misturas ilegais de metanol na gasolina, chegando a quase 50% em alguns casos, e até 90% no etanol.
Sexta etapa – fintechs: a principal delas, a BK Instituição de Pagamento, com sede em Barueri (SP), movimentou R$ 46 bilhões em cinco anos por meio de contas chamadas “bolsão”, que dificultavam o rastreamento da origem e do destino do dinheiro.
Sétima etapa – fundos de investimento: os recursos chegavam ao coração financeiro de São Paulo. Na Avenida Faria Lima, a quadrilha utilizava administradoras de fundos de investimento para transformar dinheiro sujo em patrimônio legalizado. Segundo a força-tarefa, foram identificados 42 fundos controlados pela organização, somando R$ 30 bilhões já bloqueados pela Justiça.
Fonte/Reprodução: G1 – Fantástico
Foto: Divulgação/Internet – auge1.com