Dos mais de 1,4 mil presos, pelo ato de “8 de Janeiro”, 141 continuam na cadeia e 44 estão em prisão domiciliar

Maioria dos condenados já foi solta, segundo levantamento feito pelo STF. 552 pessoas firmaram acordo para se livrar do processo

Dos mais de 1,4 mil presos do 8 de Janeiro e de outros processos relacionados aos ataques à democracia, 141 permanecem na cadeia e 44 estão em prisão domiciliar — parte desses com tornozeleira eletrônica, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Dos 141 que permanecem presos, 112 já foram condenados por crimes como golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Os outros 29 estão em prisão preventiva aguardando o julgamento — incluindo o general Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro.

Os dados são de um levantamento feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira (12).

Em 8 de janeiro de 2023 e no dia seguinte, em frente ao quartel-general do Exército, 1.406 pessoas foram presas em flagrante.

Após a realização das audiências de custódia, ainda naquele mês, o ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos no STF, manteve 942 pessoas presas preventivamente.

Crimes menos graves

Segundo os dados atualizados, 552 investigados pelo 8 de janeiro assinaram Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com a Procuradoria-Geral da República, homologado pelo STF.

Pela lei, o ANPP é possível quando a pessoa é acusada de cometer crimes menos graves, com pena mínima inferior a quatro anos. Esse era o caso da maioria dos presos no acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília, acusados de praticar incitação ao crime e associação criminosa.

Ao firmarem acordo, essas pessoas assumiram os delitos e se comprometeram a cumprir uma série de condições impostas pelo Supremo, como não reincidir, prestar serviços à comunidade e pagar multa de R$ 5 mil.

Dos acusados dos crimes menos graves que não assinaram acordo, 359 foram condenados, mas já não estão na prisão. O tribunal informou que 131 ações foram extintas por cumprimento integral da pena.

Crimes mais graves

Já entre os acusados dos crimes mais graves — tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público —, 279 foram condenados pelo Supremo.

As penas chegam a até 17 anos de prisão, dependendo do nível de envolvimento do réu nos atos violentos.

Somadas, as condenações por crimes menos graves (359) e por crimes mais graves (279) totalizam 638, de acordo com o Supremo.

Houve também dez absolvições ao final dos processos.

A Corte informou que arrecadou quase R$ 3 milhões em prestação pecuniária, valor pago por condenados como parte da punição e destinado à reparação dos danos causados pelos crimes.

Existem ainda 61 pedidos de extradição de pessoas investigadas pelos atos antidemocráticos, que tramitam em sigilo no STF. Esses pedidos visam a que outros países enviem ao Brasil pessoas que fugiram para o exterior.

Menos encarceramento

Na avaliação do advogado criminalista Thiago Turbay, os números mostram que o Supremo “aposta em políticas criminais de desencarceramento”, o que, para ele, é um “avanço civilizatório” que deveria consolidar-se também em outros casos, além do 8 de Janeiro.

Fonte: g1 – Brasília, DF

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

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